domingo, 28 de junho de 2009

Escola e formação: fugindo da concepção mercantilista


Vivemos em uma sociedade que não valoriza o estudo. No Brasil, freqüentar os bancos escolares significa para a maioria dos estudantes apenas uma forma de ascensão profissional. O que importa é “passar”, conseguir o diploma, para que, dessa forma, se possa alcançar um posto almejado, um emprego melhor. Evidentemente, desejar melhorar as condições econômicas não é um mal. Todavia, quando o estudo se torna apenas um meio de ascensão profissional, o aluno se esquece do grande objetivo da educação: a formação. Mas o que significa se formar? Qual a implicação que esse “grande objetivo” traz para o dia-a-dia das pessoas?


O artigo 205 da Constituição diz que a educação é direito de todos e dever do Estado, e acrescenta: “visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” Essas três metas também estão expressas no artigo 2º da lei 9394/1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Observa-se, assim, que tanto a Constituição quanto a LDB reconhecem a importância da relação entre educação e trabalho. Contudo, é fundamental chamar a atenção as duas outras metas em ambos os textos: o pleno desenvolvimento da pessoa e o exercício da cidadania; objetivos esses que são anteriores à “qualificação para o trabalho”. Portanto, esses essenciais artigos demonstram que a educação não é somente um caminho para o emprego. Ela objetiva formar pessoas, prepará-las para escolhas que atingem suas vidas tanto no plano pessoal quanto no plano político (cidadania).


Como se pode ver, nossa legislação traz um entendimento amplo do valor da educação, compreensão essa que não vigora na mentalidade de grande parte dos estudantes. Muitos saem da escola com uma formação precária, porque durante os anos de estudo se recusaram a ampliar seus conhecimentos e valores. Tais alunos desejam apenas o prazer imediato advindo de um bom salário. Esquecem-se de que antes de um bom salário, é preciso saber fazer boas escolhas, a fim de que se tenha qualidade de vida; esquecem-se de que para viver bem em sociedade é essencial praticar alguns valores, como respeito e solidariedade. No plano político, o conhecimento e a leitura de mundo tornam-se elementos-chave para uma tomada de decisões consciente.


Portanto, é urgente que haja uma grande mudança na concepção mercantilista da educação. Estudar não é sacrifício, mas um modo de ser; é o instrumento basilar para a realização do indivíduo e do corpo social. Formar-se é construir-se como pessoa capaz de escolher, de viver de forma responsável em uma sociedade que precisa cada vez mais de indivíduos éticos. É ter consciência que a escola é o importante caminho de um desenvolvimento que continua até o fim da vida.


Pense no assunto. Essa mudança de pensamento não seria o grande presente que vocês alunos poderiam dar a si mesmos e aos professores?

Prof. Hudson dos Santos Barros - Literatura


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